segunda-feira, 19 de julho de 2010

A distração é mútua. A diversão é garantida

Eu devia ter uns 13 anos. Tinha acabado de ver alguma coisa com as panteras . Era tipo As panteras, as espiãs, as meninas super poderosas enfim... qualquer filme que o título fosse de tres meninas amigas ou super poderosas. Lembro de ter colocado um calção preto e saído chutando tudo e todos pela casa. Incansável. Queria ser a menina do filme. Queria ter um romance com uo homem qualquer e me envolver em um triângulo amoroso bizarro, que me colocaria numa sinuca de bico da qual a única solução era sair QUEBRANDO A CARA DE TODO MUNDO. Fui dormir nesse dia, sem ter espancado ninguém. "Droga" - pensei.
Tem sido assim. Cada vez mais. Os filmes, sempre eles, servindo de inspiração para os meus dias. Eu tenho um problema. Na verdade, vários, mas o problema em questão é que eu quero sempre transformar acontecimentos normais em coisas de cinema, aquela velha história de
"ter coisas pra contar". Mas isso cansa. E me deixa desapontada, quando eu não consigo. Hoje em dia me pego gostando cada vez menos dos documentários, pulando de cabeça num mundo ficções, de aventuras. De cabeça mesmo. Os coadjuvantes vem e vão, e eu gosto muito de contracenar. Uns vem e nem se vão. Ficam por aí, até que surja uma nova cena para eles estrelarem. É, passei a encarar os dias como se fossem cenas, as horas como se fossem takes, os momentos como se fossem quadros. E não é tão legal quanto parece. Vou te explicar o porque..
É que assim eu acabo deixando passar despercebidos momentos que nao são de cinema, mas que, nem por isso deixam de ser bonitos. Pra que ficar forçando? Um simples beijo é substituído por um amasso na chuva, numa parada de ônibus. Um pedido de desculpas vira uma emoção. Enfim, é uma pressão infinita, pra tirar de todo e qualquer momento o mais intenso dos sentimentos. Cansativo. Suspeito que isso seja culpa das músicas, do jeito que eu falo, desse super-realismo-exagerado.

Me encontro em um momento de recomeço. Efeito Borboleta.

Chega.

Hoje sou ficção. E prefiro permanecer assim, protagonizando um filme sem fim, dirigindo
coadjuvantes aleatórios e invariavelmente RICOS, COMPLEXOS, PROFUNDOS.